Alguns sintomas são tão comuns que quase não chamam a atenção. Tosse, febre e diarreia, por exemplo, costumam ser tratadas em casa, com remédios de venda livre, ou o paciente apenas espera que o problema passe. Porém, alguns quadros que parecem simples podem esconder situações complicadas. Quais sinais de alerta devem ser levados em consideração para buscar auxílio médico quando os sintomas são triviais?
Uma regra de ouro para sintomas em geral é que, se há piora, deve-se procurar ajuda. Mesmo quando é apenas uma tosse, se a situação continuar piorando mesmo após dois ou três dias seguindo os tratamentos, é preciso buscar orientação médica.
O paciente pode procurar hospitais, consultórios médicos, postos e outras unidades de saúde onde profissionais de triagem irão avaliar a gravidade dos sintomas relatados. Em alguns casos, é sugerido que ele volte para casa e espere um pouco mais.
Considerando os adultos sem comorbidades, a recomendação costuma ser a de não ir ao hospital com sintomas simples. Isso é importante para evitar que as instituições fiquem sobrecarregadas e o atendimento a casos urgentes seja prejudicado, além de evitar expor o indivíduo ao risco de contrair doenças ainda mais graves no ambiente hospitalar.
“Para adultos saudáveis e sem doenças crônicas, o ideal é agendar uma consulta ambulatorial e só buscar o pronto-socorro se tiver sintomas mais graves”, orienta o médico Rodrigo Theodoro Belila, superintendente do Hospital Angelina Caron, na região metropolitana de Curitiba (PR).
Quem é o doente, antes de tudo?
Antes de entender quais são os sinais de piora ou quanto esperar, é preciso lembrar que sintomas simples podem esconder grandes complicações dependendo da circunstância do paciente.
“Existem alguns contextos que não podem ser ignorados. O primeiro é se a pessoa tem uma comorbidade, como diabetes ou pressão alta. O outro é o contexto epidemiológico: se estamos atravessando uma epidemia de dengue como a deste ano, por exemplo, casos de diarreia se tornam mais preocupantes. Por fim, não podemos ignorar também a idade do paciente. Tosse em uma criança muito pequena ou em idoso possui um nível de risco diferente da de um adulto com o sistema imunológico atuante e saudável”, diferencia o médico Roberto José Bittencourt, professor de medicina da Universidade Católica de Brasília.
Como monitorar a gravidade de sintomas simples?
Febre: busque ajuda após 48h de febre ou se estiver sentindo um aumento da temperatura que não melhora com medicamentos antitérmicos. A temperatura corporal acima de 39,5º também é preocupante.
Diarreia, náusea e vômitos: o monitoramento deve ser quanto à intensidade, especialmente em crianças e idosos. Em grandes volumes, os sintomas podem levar à desidratação e aparecem sinais como prostração, sonolência e palpitações — nesse momento, deve-se buscar atendimento médico, independente do tempo de evolução da doença. Também é preciso procurar um centro de saúde se houver a presença de sangue ou muco nas fezes e no vômito.
Tosse: quando associada a outros sintomas, como febre e dificuldade de respirar, deve ser avaliada por um médico. Tosse com sangue sempre é preocupante. Se a tosse for o único sintoma e persistir por mais de 15 dias, a indicação é procurar atendimento.
Dor no corpo e na cabeça: se a dor no corpo for acompanhada de outros sintomas, como febre e vômitos, o paciente deve ser avaliado pelo médico. Dores de cabeça incapacitantes, perda de força em qualquer membro e alterações de consciência são sinais de alerta que devem ser investigados.
Sintomas que não podem ser ignorados
Os médicos ouvidos pelo Metrópoles recomendam uma atenção especial a sintomas que podem parecer simples.
Sem importar a intensidade, dores no peito, dificuldades de fala e problemas para movimentar algum dos membros, com sensação de paralisia ou de intenso formigamento, devem ser avaliados por um médico com urgência.
Esses sintomas estão vinculados ao risco de infarto e de acidente vascular cerebral (AVC), condições em que a rapidez no atendimento pode ser determinante para a preservação da vida do paciente.
“Pessoas na faixa etária a partir dos 40 anos, especialmente, não podem ignorar os riscos e devem buscar imediatamente um serviço de saúde para avaliação”, conclui Bittencourt.
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