A ressaca é uma sensação de mal-estar que surge após o consumo excessivo de álcool. O quadro ocorre devido a uma combinação de fatores, que incluem desequilíbrios químicos no cérebro, sobrecarga no fígado, desidratação, queda de energia e sono de baixa qualidade. O efeitos afetam o corpo de formas distintas, e o desconforto é intenso no dia seguinte.
O professor Hugo de Luca Corrêa, da Universidade Católica de Brasília, explica que o álcool impacta diretamente no equilíbrio químico no cérebro. “A bebida reduz a produção de substâncias calmantes e aumenta aquelas que tornam o cérebro mais agitado, o que gera uma sensação de ansiedade”, explica Hugo, que dá aulas para os alunos do curso de Farmácia.
O sono após uma noite de excessos alcóolicos também não costuma ser de boa qualidade. “Embora a bebida facilite o indivíduo a pegar no sono, ela interfere no sono profundo, que regula o humor, por isso existe uma inquietação no dia seguinte”, complementa o professor.
O álcool também afeta os hormônios que regulam o estresse e a disposição. Durante o consumo, ele eleva os níveis de dopamina, o que cria uma sensação temporária de prazer. “No dia seguinte, os níveis de dopamina caem abruptamente, contribuindo para a sensação de desânimo e falta de energia”, detalha Côrrea. A bebida também eleva o cortisol (hormônio do estresse), que permanece elevado durante a ressaca.
Outro fator importante são os congêneres, como são chamados os subprodutos da fermentação e destilação do álcool. O professor de química Alexandre Gomes de Brito, do Colégio Católica de Brasília, explica que os aldeídos e os taninos, presentes em bebidas como uísque e vinho, intensificam a ressaca.
“Substâncias como os sulfitos, presentes no vinho, e a histamina, encontrada em vinhos e fermentados, podem gerar reações adversas no corpo, aumentando a sensação de desconforto e ansiedade”, aponta Brito.
Bebidas com maior efeito negativo no cérebro
Para os que querem evitar a ressaca no dia seguinte, a dica é não exagerar. Nenhuma bebida é isenta de prejuízos e eles serão proporcionais à quantidade de álcool ingerida na noite anterior.
Bebidas com maior teor alcoólico, como os destilados, têm um efeito mais direto e rápido no cérebro. Elas provocam uma desidratação mais intensa e causam uma queda maior nos níveis de neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina. Ou seja, se você se arriscar nesse território, a conta certamente vira pesada no dia seguinte.
“Isso resulta em ressacas mais severas e um risco maior de ansiedade no dia seguinte, já que os neurotransmissores responsáveis pelo prazer e bem-estar ficam temporariamente desequilibrados”, explica o professor Hugo.
Bebidas menos prejudiciais
Bebidas fermentadas, como a cerveja, têm um efeito mais gradual no corpo devido ao menor teor alcoólico. Por terem mais água na composição, a ressaca provocada por elas costuma ser menos pesada.
O vinho, por sua vez, também pode ter um efeito menos prejudicial desde que consumido com moderação. “Uma ou duas taças podem até fazer bem devido aos polifenois que fazem parte da composição”, afirma o professor Hugo.
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