Grupos de torcedores de futebol pediram à Fifa (Federação Internacional de Futebol) que interrompa a venda de ingressos para a Copa do Mundo do próximo verão, alertando que os preços “extorsivos” são uma “traição monumental” à tradição do evento de ser acessível a todos.
O sorteio principal de ingressos para o torneio —que será realizado nos Estados Unidos, no México e no Canadá no próximo verão— foi aberto na quinta-feira (11), oferecendo aos fãs a primeira chance de comprar ingressos desde o sorteio da semana passada que definiu quais equipes se enfrentarão na primeira fase.
A Fifa também informou às federações membros os preços dos ingressos para suas respectivas cotas.
De acordo com as tabelas de preços distribuídas por várias federações de futebol, os ingressos “econômicos” para a final da Copa do Mundo começarão em US$ 4.195 (R$ 22,8 mil), subindo para US$ 5.575 (R$ 30,2 mil) para assentos “padrão” e US$ 8.680 (R$ 47 mil) para “premium”.
Um ingresso “padrão” para o jogo da fase de grupos entre Qatar e Suíça em Santa Clara, Califórnia, custará US$ 380 (R$ 2.060). Um assento “padrão” na partida de abertura da Croácia contra a Inglaterra, em Dallas, custará US$ 500 (R$ 2.711), enquanto os ingressos “econômicos” —que devem ser escassos— começam em US$ 265 (R$ 1.437).
Os preços dos ingressos para os jogos variam entre as partidas, dependendo da localização e das equipes participantes. Quase dois milhões de ingressos já foram vendidos em sorteios de pré-venda, muitos deles custando centenas de dólares.
A FSE (Football Supporters Europe), uma organização que representa grupos de torcedores em toda a região, pediu à Fifa na quinta-feira que interrompesse a venda de ingressos devido aos preços que atingiram “níveis astronômicos”.
“Esta é uma traição monumental à tradição da Copa do Mundo, ignorando a contribuição dos torcedores para o espetáculo que é”, disse a FSE, acrescentando que as vendas de ingressos deveriam ser interrompidas “até que uma solução que respeite a tradição, universalidade e significado cultural da Copa do Mundo seja encontrada”.
A FSE disse que, com base nas orientações que recebeu, um torcedor teria que gastar pelo menos US$ 6.900 (R$ 37,4 mil) para acompanhar sua equipe desde o jogo de abertura até a final, quase cinco vezes o custo equivalente em comparação com o torneio de 2022, no Qatar.
A Fifa já vem sendo criticada por sua decisão de introduzir preços variáveis para alguns ingressos da Copa do Mundo, um sistema em que os preços são definidos de acordo com a demanda esperada. A entidade também criou sua própria plataforma de revenda, na qual ficará com 15% do preço de venda, tanto do comprador quanto do vendedor.
A Fifa espera gerar receita de mais de US$ 11 bilhões (R$ 59,7 bilhões) no período de quatro anos que termina com a Copa do Mundo, acima dos US$ 7,6 bilhões (R$ 41,2 bilhões) do ciclo anterior. O torneio foi expandido para incluir 48 equipes, acima das 32 no Qatar.
Falando no palco em Washington na semana passada ao receber o “prêmio da paz” inaugural da Fifa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parabenizou Gianni Infantino, presidente da Fifa, pelas vendas recordes de ingressos. “Posso informar que vendemos mais ingressos do que qualquer país em qualquer lugar do mundo nesta fase do torneio”, disse Trump.
A Fifa foi contatada para comentar o assunto. A entidade já declarou que sua política de preços de ingressos “reflete a prática de mercado vigente para grandes eventos esportivos e de entretenimento nos países anfitriões” e que as taxas de sua plataforma de revenda “estão alinhadas com as tendências do setor na América do Norte”.

