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Esporte

Só uma vez, em 1940, Brasil levou virada como a de agora – 14/10/2025 – O Mundo É uma Bola

Carlo Ancelotti, o respeitado e vitorioso treinador italiano que assumiu há poucos meses

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Carlo Ancelotti, o respeitado e vitorioso treinador italiano que assumiu há poucos meses a seleção brasileira, conheceu nesta terça-feira (14) seu primeiro momento de amplo desgosto com a equipe.

Desgosto com registro histórico, com ares de vexame. Tendo aberto 2 a 0 de vantagem no primeiro tempo do amistoso contra o Japão em Tóquio, o Brasil, em uma segunda etapa horrenda, levou a virada: 3 a 2. A primeira vez que os japoneses ganharam do Brasil em 14 confrontos.

Mas há mais a ser lamentado. Fiz uma pesquisa, tendo como base o site ogol, confiável em relação a resultados de futebol, e verifiquei que apenas uma vez em sua história, iniciada em 2014, a seleção principal tinha perdido uma partida depois de vantagem por dois ou mais gols de diferença.

Ocorreu na tarde do dia 24 de março de 1940, um domingo, no estádio de São Januário, no Rio, no primeiro dos dois jogos diante do Uruguai pela Copa Rio Branco.

Com gols de Hércules, de Pedro Amorim e do capitão Leônidas da Silva, a seleção dirigida por Jayme Barcellos teve 3 a 1 a seu favor aos 11 minutos do segundo tempo. Permitiu, contudo, a virada da equipe azul-celeste, que anotou com Sixto Gonzáles e depois duas vezes com Severino Varela –o gol da vitória saiu a um minuto do apito final.

Àquela época, os uruguaios, campeões mundiais (1930) e bicampeões olímpicos (1924 e 1928), eram favoritos, e o relato desta Folha no dia seguinte à partida disse que a seleção visitante atuou melhor na maior parte do tempo. O que não minimizava o fato de o Brasil ter sido derrotado após construir vantagem confortável.

Agora, sabe-se que o Brasil é melhor, ou deveria ser, do que o Japão. No ranking da Fifa, a seleção nacional ocupa a sexta posição, e a japonesa está em 19º lugar. É preciso, contudo, fazer valer a superioridade em campo.

E o Brasil até fez, com um início convincente e o 2 a 0 com 32 minutos de jogo. Depois da goleada de sexta-feira (10) por 5 a 0 na Coreia do Sul, em Seul, parecia que repetiria, mesmo com uma equipe bastante mudada –Ancelotti testou jogadores–, o placar dilatado sem grandes problemas.

Não repetiu, só que é necessário registrar que um personagem foi determinante para a derrocada brasileira no amistoso.

O zagueiro Fabrício Bruno, que faz um Campeonato Brasileiro muito bom pelo Cruzeiro, sendo portanto merecedor de estar no elenco de Ancelotti, construiu em dez minutos sua cruz na seleção. Certamente os piores dez minutos dele como jogador de futebol, incluindo os joguinhos na infância.

Falhou grotescamente no primeiro gol nipônico. Com a bola dominada na grande área do Brasil, tendo como opção o recuo para o goleiro Hugo Souza, desequilibrou-se sozinho e, caindo, em um esforço para tocar a bola para Beraldo, entregou a bola de forma bisonha para Minamino finalizar com precisão.

Isso aconteceu aos 6 minutos do segundo tempo. Aos 16 minutos, depois de cruzamento na área, Nakamura finalizou. A bola parecia ir para fora, mas, no meio do caminho, Fabrício Bruno a desviou para o gol. Infelicidade? Sim. Mas também falha técnica. Dava para chutar em outra direção.

“Acontece, mas não deve acontecer”, comentou o narrador Luís Roberto, da Globo, sobre a patacoada de Fabrício Bruno no primeiro gol. Discordo. Não acontece. Do jeito que foi, na minha memória, é algo inédito. Inadmissível para um jogador de seleção.

“O pé de apoio ficou longe, acabei ficando sem força. Erro meu, assumo a responsabilidade”, afirmou, visivelmente transtornado e desculpando-se, o zagueiro depois da partida. É de se compadecer, mas, infelizmente para o zagueiro, ele pavimentou o fim de sua carreira com a camisa amarela.

Ou Ancelotti vai arriscar, na Copa do Mundo, ter no elenco (se está no grupo pode ser escalado na competição, mesmo estando inicialmente na reserva) um atleta que carimbou, na cabeça dos brasileiros, um erro crasso como esse? E o medo do déjà-vu?

Por mais piedade e empatia que se tenha, não dá mais para confiar. Dá?


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