Pesquisa da Quaest aponta que o Brasil é o terceiro país com mais bichos de estimação no mundo. Qualidade de vida dos pets não é um direito garantido
A ausência de iniciativas governamentais para o bem-estar animal é evidente em várias regiões do mundo. Muitos lugares não possuem atendimento público adequado à saúde dos bichos. Esses serviços são frequentemente limitados ou inexistentes. Animais de rua e de famílias de baixa renda são os mais afetados por essa realidade. Pessoas com menos recursos não conseguem garantir tratamento adequado para seus pets.
De acordo com a presidente da Comissão Nacional de Proteção Animal da OAB, Juliana Rocha, a carência de assistência pública veterinária se deve à baixa prioridade da causa animal na agenda política. “Ainda é uma pauta que está se desenvolvendo, não é tratado como prioridade pelos governantes e isso faz com que não haja esforços no sentido de desenvolver políticas públicas para atender a população que precisa desse atendimento”, explica.
Insuficiência de recursos nos hospitais públicos veterinários
Os raros hospitais públicos veterinários enfrentam diversos desafios. Falta financiamento adequado, a infraestrutura é precária e a demanda é elevada. O número de vagas é limitado e há carência de profissionais qualificados. Segundo o veterinário, Thiago Marques, a escassez de ativos financeiros é o maior obstáculo. “Os principais desafios dessas unidades estão na quantidade de serviço e provavelmente na dificuldade de atender todos de forma adequada, por questão de custos.Tem disposição mas não tem aquele recurso necessário”, pontua Thiago.
Para Juliana, o problema é a continuidade e a manutenção efetiva dessas instituições. ”De nada adianta a gente ter unidades de médicos veterinários gratuitas que deixam de conseguir levar para os usuários o atendimento que se espera deles. A maior dificuldade é manter com qualidade os serviços a que se propõem”, ressalta a presidente.
Consequências na saúde animal e impactos na saúde pública
Essa ausência de suporte, muitas vezes resultam em cuidados inadequados, negligência e maus-tratos. Isso afeta diretamente a saúde dos pets, causando sofrimento, doenças não tratadas, agravamento de condições e até morte. Essas situações também prejudicam a saúde psicológica dos tutores. “As pessoas se deprimem quando elas não tem condição de ajudar aquele animalzinho que elas tem apego. Não conseguir sustentálo e ver ele doente gera um transtorno psicológico muito forte”, afirma o veterinário. Além disso, animais sem os cuidados necessários podem transmitir doenças aos humanos, como zoonoses, e prejudicar o meio ambiente.
Iniciativas
Juliana defende a criação de leis e políticas públicas que garantam os direitos à saúde dos bichos. Isso inclui a criação de clínicas veterinárias públicas e a implementação de cuidados apropriados. Ela reforça a necessidade de fiscalização, planejamento de verbas, disponibilização de recursos e campanhas de conscientização. A presidente também destaca que os pets devem ser bem representados na sociedade. “Os animais são sujeitos de direito, e o Estado tem a obrigação de bem cuidar desses animais”, enfatiza.