segunda-feira 13, janeiro, 2025 - 6:14

Saúde

Qual a relação entre pesadelo e a saúde do cérebro?

Qual é a ligação entre pesadelos e demência? – iStock/bymuratdeniz – iStock/b

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Qual é a ligação entre pesadelos e demência? – iStock/bymuratdeniz
Qual é a ligação entre pesadelos e demência? – iStock/bymuratdeniz – iStock/bymuratdeniz

Pesadelos frequentes podem ser mais do que meros distúrbios noturnos; eles podem ser um sinal de alerta precoce para problemas sérios na saúde cerebral.

É o que revela um estudo inovador apresentado neste ano na Academia Europeia de Neurologia. Segundo os pesquisadores, adultos de meia-idade e idosos que sofrem regularmente com sonhos angustiantes têm um risco significativamente maior de desenvolver declínio cognitivo e demência.

Especialistas do Imperial College London realizaram um estudo que lança nova luz sobre a intrigante conexão entre pesadelos e a saúde cerebral a longo prazo. A pesquisa se concentrou em entender se esses eventos noturnos podem ser um precursor de declínio cognitivo ou mesmo de condições como a demência.

Traçando padrões ao longo dos anos

O estudo acompanhou duas populações distintas: 605 adultos de meia-idade monitorados por mais de 13 anos e 2.600 idosos acompanhados ao longo de sete anos. Os dados revelaram que aqueles que relataram pesadelos angustiantes com frequência de pelo menos uma vez por semana apresentaram riscos muito mais elevados de declínio cognitivo.

No caso dos adultos de meia-idade, o risco foi quatro vezes maior, enquanto, entre os idosos, a probabilidade de desenvolver demência mais que dobrou em comparação àqueles sem esse problema.

Uma relação complexa com o cérebro

A equipe também identificou uma ligação intrigante entre pesadelos e várias condições cerebrais. Embora fatores como estresse, ansiedade e depressão sejam conhecidos por desencadear sonhos angustiantes, os cientistas sugerem que elementos genéticos também podem desempenhar um papel. Certos genes podem tornar algumas pessoas mais vulneráveis a ter pesadelos frequentes, o que, por sua vez, pode estar relacionado à predisposição para doenças cerebrais.

Curiosamente, estudos anteriores já haviam mostrado uma conexão entre pesadelos e a doença de Parkinson. Agora, os pesquisadores sugerem que esse vínculo pode se estender a outras condições, como doenças autoimunes (incluindo o lúpus) e transtornos neurológicos ou psicológicos na infância, como o TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Repensando o papel dos pesadelos

Essas descobertas trazem à tona a necessidade de uma nova abordagem médica. Pesadelos podem deixar de ser vistos apenas como um sintoma de problemas emocionais e passar a ser encarados como uma janela para a saúde cerebral.

Os cientistas defendem que profissionais de saúde devem prestar mais atenção a relatos de pesadelos, especialmente em pacientes mais velhos, como um possível indicador precoce de declínio cognitivo iminente.

Ao se identificar pesadelos frequentes, intervenções podem ser feitas de forma precoce, potencialmente reduzindo o risco de declínio cognitivo e demência. A ideia de que sonhos perturbadores possam ser um alarme antecipado para a saúde cerebral reforça a importância de investigações médicas mais detalhadas sobre o tema.

Assim, os pesadelos deixam de ser apenas uma perturbação noturna e ganham um novo papel: o de sentinelas silenciosos, que podem oferecer pistas valiosas sobre o futuro da saúde cerebral.

 





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