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Esporte

O doce gostinho de ‘atravessar’ o negócio do arquirrival – 31/08/2025 – O Mundo É uma Bola

Todo mundo conhece o chamado “mercado da bola”. É o período, geralmente no

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Todo mundo conhece o chamado “mercado da bola”. É o período, geralmente no intervalo de uma temporada para a outra, antes do início dos campeonatos, no qual os clubes abrem os cofres e saem atrás de reforços para suas fileiras.

São negócios milionários, e quem está em vias de fechar com o nome almejado tenta manter o sigilo das tratativas até o fim, pois vazamentos podem despertar o “olho grande” de outras partes, além do risco de alterar (sempre para cima) os valores envolvidos.

Decerto há prazer, aquele gostinho doce na boca, para um clube quando ele consegue “atravessar” a transação alheia, especialmente se o atingido for um arquirrival. Isso ocorreu algumas vezes no futebol e talvez até aconteça mais –apenas não ficamos sabendo.

Ficou-se sabendo, por agora, que o Arsenal “virou um jogo” que era considerado perdido para o Tottenham ao contratar o meia Eberechi Eze, 27, da seleção inglesa e do Crystal Palace, na atual janela europeia de transferências –que fecha nesta segunda (1º) nas principais ligas.

Arsenal e Tottenham são os grandes rivais do norte de Londres. É uma das maiores rivalidades da Inglaterra, sendo conhecidos o menoscabo e a repulsão entre os torcedores de cada agremiação, isso desde 1913.

A novidade nessa “atravessada” foi a interferência decisiva do próprio atleta, algo que me parece ser inédito.

O Arsenal até chegou a mostrar interesse por Eze, mas não se impôs e perdeu terreno para o Tottenham, que chegou a um acordo com o Crystal Palace e com os agentes do jogador, que teria inclusive concordado.

Só que a assinatura só seria feita depois de uns dias, pois o Palace (também londrino) queria que Eze jogasse uma última vez pelo time, em jogo pela Liga Conferência contra o Fredrikstad, da Noruega, no dia 21 deste mês.

Na véspera, toca o telefone de Mikel Arteta, treinador espanhol do Arsenal. Era Eze, querendo saber se o Arsenal ainda seria uma opção para ele.

Uma atitude heterodoxa, incomum. Quem já fez isso antes? Por estranho que pareça, a explicação existe, é plausível e vem de dentro do peito: o time de coração de Eze é o Arsenal.

O meia torce para os Gunners desde garoto e jogou nas suas categorias de base dos 8 aos 13 anos, quando acabou dispensado.

Seguiu para Fulham, depois Reading, depois Milwall, depois Queens Park Rangers, depois Wycombe Wanderers (por empréstimo), depois Crystal Palace, onde foi o herói do título da Copa da Inglaterra, o primeiro relevante da história do clube, neste ano contra o poderoso Manchester City.

Em toda essa caminhada, uma conclusão é cristalina: Eze jamais perdeu a vontade de voltar a vestir a camisa vermelha e branca do Arsenal. Desejo exposto, negócio fechado no mesmo dia. A proposta do Tottenham foi superada e, por 69 milhões de euros (R$ 438 milhões), o reencontro aconteceu.

Já apresentado, ele poderá fazer sua estreia com a camisa 10 já neste domingo (31), quando o Arsenal visita o Liverpool, atual campeão inglês.

Resta ao Tottenham a raiva e a desilusão. Seus torcedores devem estar ansiosos desde já para que o dia 21 de fevereiro de 2026 chegue logo. Será a oportunidade de, no estádio do clube, distribuir uma sonora vaia ao jogador que lhes virou as costas sem um pingo de consideração.

No Brasil, um dos episódios mais notórios que constam dos anais do futebol, quando o assunto é “dar um chapeú” no adversário, data de 1978 e envolve um dos jogadores mais fantásticos que o país teve: Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Doutor Sócrates, o Magrão.

Sócrates desfilava seu futebol elegante e eficaz no Botafogo-SP, e o São Paulo acertou a contratação dele com a diretoria do clube de Ribeirão Preto. Precisava, porém, para bancar o valor pedido, vender outro atleta, o volante Chicão.

Também interessado no meia (que depois defendeu o Brasil nas Copas do Mundo de 1982 e 1986), Vicente Matheus, lendário presidente do Corinthians, avisou o São Paulo que compraria Chicão.

Jogo de cena. Enquanto seu irmão se reunia com cartolas tricolores, devidamente engambelados pela tramoia, Matheus viajava para o interior, com dinheiro vivo na mala, para pagar o Botafogo e voltar para a capital com o Magrão no banco do carona.


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