“Só posso parabenizar o Stuttgart, porque encontraram um idiota que aceitou pagar tanto dinheiro. Certamente não faríamos isso em Munique.” Karl-Heinz Rummenigge, conselheiro do Bayern de Munique, deu essa declaração no fim de setembro.
Referia-se, em entrevista à emissora BR Fernsehen, da Baviera, ao Newscastle ter pagado perto de 65 milhões de libras (R$ 474 milhões) ao rival do Bayern na primeira divisão alemã pelo centroavante Nick Woltemade, 23.
O Bayern estava de olho no grandalhão de 1,98 m, que na temporada 2024/2025, em 33 partidas pelo Stuttgart (Bundesliga mais Copa da Alemanha), marcou 17 gols e deu três assistências (passes que resultaram em gol).
Quando jogador, o atacante Rummenigge foi um dos grandes ídolos do Bayern, pelo qual atuou de 1974 a 1984. Pela seleção alemã, disputou duas finais de Copa do Mundo (Espanha-1982 e México-1986). Foi derrotado em ambas, na primeira para a Itália de Paolo Rossi (3 a 1), na segunda para a Argentina de Diego Maradona (3 a 2, marcando um gol).
Eu admirava o futebol de velocidade e precisão nas finalizações de Rummenigge –foi um dos grandes craques que vi jogar quando comecei a acompanhar futebol, junto com Zico, Sócrates, Maradona, Platini.
Precisão que lhe faltou de forma gritante agora, ao falar de Woltemade (pronuncia-se Vôltemáde).
Rummenigge apostou alto que o Newcastle se decepcionaria de imediato com Woltemade. Aconteceu o contrário, e o discurso sobre o idiota voltou-se contra o discursante.
Para esta temporada, além do Newcastle, três clubes ingleses investiram mais de 60 milhões de libras por atacantes estrangeiros. O Manchester United, com o esloveno Sesko e com o brasileiro Matheus Cunha, o Liverpool, com o francês Ekitiké e com o sueco Isak, e o Arsenal, com o sueco Gyökeres.
O Newcastle vendeu Isak para o Liverpool, embolsando 125 milhões de libras, o dobro do gasto para ter Woltemade.
E, até agora, neste começo de temporada, qual atleta deu mais retorno? Ele mesmo: Woltemade. Em sete jogos, incluindo Campeonato Inglês, Champions League e Copa da Liga Inglesa, marcou quatro gols, média de 0,57 por partida.
Ekitiké, 23, é quem mais se aproxima: cinco gols em dez jogos. Isak, 26, em seis aparições, fez só um gol. Gyökeres, 27, tem três gols em dez jogos, e Sesko, 22, dois em oito. Matheus Cunha, 26, está zerado em sete partidas.
Woltemade tem sido elogiado, além das bolas na rede, pelo rápido entendimento do esquema do treinador Eddie Howe, pela disposição em campo e pela capacidade de ajudar na defesa –sua altura é especialmente útil em jogadas de bola parada dos adversários, nos cruzamentos aéreos.
Howe minimizou a fala de Rummenigge, afirmando que as taxas de transferência são ditadas pelo mercado, e o atacante Gordon, camisa 10 do Newscastle, chamou de “estúpida” a declaração do representante do Bayern. Tanto o técnico como o time parecem satisfeitos com o reforço.
Do lado do Stuttgart, em entrevista ao tabloide alemão Bild, Alexander Wehrle, CEO do clube, respondeu com humor e ironia a Rummenigge: “Nós sempre ficamos felizes com cumprimentos vindos de Munique”.
A realidade é que Woltemade, centroavante titular da seleção da Alemanha, vem dando certo no Newcastle. A escolha não teve nada de idiota até agora.
Foi caro? Isso é relativo. Na comparação com outras contratações, não. Para um clube e seus torcedores, não tem preço sentir que o investimento valeu a pena.