A australiana quatro vezes medalhista de ouro olímpica Ariarne Titmus se aposentou da natação competitiva aos 25 anos, encerrando uma carreira brilhante que contou com uma das maiores rivalidades do esporte com a americana Katie Ledecky.
Titmus confirmou sua decisão na quinta-feira (15), despedindo-se como uma das atletas mais condecoradas da Austrália, com oito medalhas olímpicas e quatro títulos mundiais.
A decisão foi um choque para o país e para o mundo da natação em geral, já que ela planejava há muito tempo retornar às piscinas para buscar mais glória olímpica em Los Angeles-2028.
“Uma decisão difícil, realmente difícil, mas uma com a qual estou muito feliz”, disse ela sobre sua decisão em um vídeo nas redes sociais.
“Eu amo nadar, sempre amei nadar. Tem sido minha paixão desde pequena. Mas acho que tirei esse tempo longe da piscina e percebi que algumas coisas na minha vida que sempre foram importantes para mim são apenas um pouco mais importantes agora.”
Corrida do século
Titmus conquistou sua terceira medalha de ouro olímpica individual em uma final dos 400 m livre apelidada de “a corrida do século” nos Jogos de Paris, quando derrotou Ledecky e a canadense Summer McIntosh para defender seu título.
Após Paris, ela decidiu tirar um ano de folga das competições e treinamentos para recarregar, optando por pular o campeonato mundial em Singapura e, em vez disso, cobrir o evento como comentarista de TV.
Mas o retorno à piscina nunca se materializou.
Titmus havia passado por uma cirurgia para remover tumores benignos dos ovários oito meses antes de Paris, e ela disse que o problema de saúde a lembrou sobre ter uma vida fora da natação.
“Aprofundando-me mais nesses desafios de saúde, tive que pensar sobre o que é mais importante para mim”, disse Titmus, que se aposenta como detentora do recorde mundial dos 200 m livre.
“Além da natação, sempre tive objetivos na minha vida pessoal.
“Mais do que tudo, estou animada com o que vem a seguir.”
A aposentadoria de Titmus, rosto da natação australiana nas duas últimas Olimpíadas, priva a seleção nacional de uma líder inspiradora que fez muito para restaurar o país ao status de superpotência no esporte após uma década de vacas magras.
Nascida na Tasmânia, Titmus mudou-se para Queensland no início da adolescência para ser treinada pelo técnico de elite Dean Boxall.
Ganhando o apelido de ‘Exterminadora’ depois de conquistar os títulos dos 400 m e 800 m livre nos Jogos da Commonwealth de 2018, na Gold Coast, ela então se apresentou ao mundo da natação ao derrotar Ledecky nos 400 m no Campeonato Mundial de 2019.
Dois anos depois, sua prova para ultrapassar Ledecky e arrebatar sua coroa dos 400 m nos Jogos de Tóquio tornou-se instantaneamente parte do folclore da natação, junto com as comemorações frenéticas de Boxall nas arquibancadas.
A defesa bem-sucedida de seu título em Paris a tornou a primeira mulher australiana a conquistar medalhas de ouro consecutivas em um evento individual de natação desde Dawn Fraser, nos anos 1960.
Titmus também conquistou duas pratas e um ouro em prova de revezamento em Paris, incluindo seu segundo lugar atrás de Ledecky em uma emocionante final dos 800 m livre.
Ela sempre disse que Ledecky, a ‘GOAT’ (termo para se referir à melhor de todos os tempos) da natação feminina, a tornou uma rival melhor, mas, por mais intensa que fosse a rivalidade, havia apenas admiração mútua, abraços e palavras gentis fora da piscina.
A nadadora norte-americana esteve entre aqueles que parabenizaram Titmus por sua carreira após o anúncio da aposentadoria. “Uma competidora, campeã e pessoa excepcional!”, escreveu ela no feed do Instagram de Titmus.
