No centro de Goiânia, os ruídos da cidade escondem um precioso museu a céu aberto, obras que tentam se comunicar com a sua comunidade, com as suas particularidades, ou seja, a arte pública é por si só reflexiva e ontológica. Os gregos tinham a ligação forte com a terra, especialmente a originária, e as obras de arte, embora tenham suas enormes e variadas potencialidades, pode-se afirmar também que elas buscam essa conexão do ser com a sua terra, porém, o indivíduo moderno não tem tempo para observar, tampouco para refletir na história da formação da sua cultura, do seu povo.
Pode ser feita uma associação com a culinária, muitos ignoram ou simplesmente não sabem do seu imenso significado cultural e histórico; a arte regional é como a culinária, ela tem uma profunda conexão com o seu povo, ela é a identidade, história de uma comunidade.
Inaugurada em 1969, o nome original não resistiu à linguagem popular: “Honestino de Guimarães”, deu lugar ao simples e carinhoso “Praça Universitária”, a querida “PU”, devido aos centros universitários que a cercam. A “PU” continua sendo palco de manifestações e apelos populares, palco de movimentos estudantis que marcaram época. A “PU” é a Ágora goiana.
Idealizado por Maria Célia Câmara em 1996 e proposto pela Associação dos Escultores de Goiás, o local tem 26 esculturas produzidas em diversas técnicas: bronze, argila e concreto. Considerado um dos maiores museus a céu aberto da América Latina, foi tombado e é Patrimônio Histórico e Cultural de Goiás, isto é, os políticos não podem fazer leis para demolir as obras de arte.
Embora o espaço conte também com o Palácio da Cultura e a Biblioteca Marietta Telles Machado, infelizmente a Praça Honestino de Guimarães se encontra abandonada, com muitas esculturas pichadas, jardins descuidados e os bancos com rachaduras. Talvez a Ágora goiana só não foi ao chão por conta dos pequenos estabelecimentos comerciais que ali estão, que, consequentemente, fazem com o que o movimento seja constante durante todos os turnos do dia