Pesquisadores da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, realizaram um estudo que trouxe novas evidências sobre o impacto dos alimentos ultraprocessados na saúde, mais especificamente no risco de câncer colorretal em homens.
Os resultados indicam que aqueles que consomem em média mais de nove porções diárias desses alimentos apresentam um risco 29% maior de desenvolver câncer de intestino, comparado aos homens que ingerem quantidades bem menores. Curiosamente, esse vínculo não foi encontrado em mulheres.
O estudo seguiu 206.000 participantes, sendo 159.907 mulheres e 46.341 homens, ao longo de 25 anos. A cada quatro anos, os participantes responderam a questionários detalhados sobre a frequência de consumo de cerca de 130 alimentos, permitindo aos pesquisadores analisar a relação entre a alimentação e a incidência de câncer colorretal. Durante o período de acompanhamento, foram registrados 1.294 casos entre os homens e 1.922 casos entre as mulheres.
Por que esses alimentos aumentam risco de câncer no intestino?
Uma das descobertas mais preocupantes foi a forte associação entre o consumo de carnes processadas, como salsichas, bacon, presunto e até produtos à base de peixe, e o aumento do risco de câncer colorretal entre os homens.
Esses alimentos, além de ultraprocessados, são ricos em açúcares adicionados, pobres em fibras e estão frequentemente associados ao ganho de peso e à obesidade, fatores já reconhecidos como preditores do câncer de intestino.
Além das carnes processadas, bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos adoçados, também foram apontadas como vilãs, elevando o risco de câncer colorretal em homens.
No entanto, nem todos os ultraprocessados são igualmente perigosos. Laticínios como iogurtes ultraprocessados, por exemplo, mostraram uma associação inversa com o risco de câncer colorretal entre as mulheres.
Mas, afinal, o que caracteriza um alimento ultraprocessado?
Esses produtos passam por extensos processos industriais e costumam conter uma longa lista de ingredientes artificiais, como conservantes, adoçantes e corantes.
Muitas vezes, são ricos em gorduras saturadas, açúcares e sal, com baixa quantidade de fibras e nutrientes essenciais. Exemplos típicos incluem salsichas, cereais matinais, sopas instantâneas, refrigerantes, doces, massas prontas e até pizzas congeladas.
O estudo reforça um crescente corpo de pesquisa que relaciona o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados a uma série de problemas de saúde, como obesidade, hipertensão, colesterol alto e, claro, o câncer.