Assim que o juiz assoprou o apito pela última vez no jogo contra o Santos que valeu ao Corinthians o retorno a uma final do Campeonato Paulista depois de um hiato de cinco anos, jogadores e torcedores já miravam o próximo compromisso em outra competição.
Nesta quarta-feira (12), o alvinegro terá a difícil missão de reverter o placar desfavorável de 3 a 0 contra os equatorianos do Barcelona de Guayaquil, em duelo em Itaquera válido pela terceira fase da pré-Libertadores. O jogo vale a cobiçada vaga na fase de grupos da competição continental.
“Hoje foi um passo muito importante para o que vai acontecer na quarta-feira. Trabalhar, humildade, pé no chão, o Corinthians é isso. A gente sabe que tem esperança e qualidade para reverter a situação”, declarou o meia argentino Rodrigo Garro, autor de belo gol que sacramentou a vitória contra a equipe praiana.
“A partir de amanhã [segunda-feira], vamos nos preparar para a grande final de quarta. Temos que nos preparar muito bem para reverter esse resultado”, reforçou Yuri Alberto, artilheiro do clube na temporada, com seis gols.
O alvinegro informou que o camisa 9, que abriu o placar contra o Santos, sofreu um trauma no tornozelo esquerdo após entrada dura do zagueiro Zé Ivaldo, mas não teve lesão constatada em avaliação do departamento médico.
Nas arquibancadas da Neo Química Arena, a torcida endossava a postura dos atletas com gritos de “é quarta-feira!”.
Os comandados de Ramón Díaz vão ao jogo decisivo embalados pelos gritos dos aficionados para tentar evitar uma nova eliminação precoce.
A primeira e mais traumática foi em 2011, quando a equipe, com Ronaldo e Roberto Carlos e sob o comando de Tite, caiu para o Tolima, da Colômbia, após empate em 0 a 0 no Pacaembu e vitória por 2 a 0 dos donos da casa em Ibagué.
Na volta para São Paulo, os jogadores foram recebidos com protestos dos torcedores. Com o fracasso no projeto de retornar à competição e a pressão da torcida, Ronaldo e Roberto Carlos deixaram o clube —o atacante se aposentou, enquanto o lateral-esquerdo foi para o Anzhi, da Rússia.
Foi a primeira vez que um time brasileiro caiu na pré-Libertadores, que teve início em 2005. Em 2017, com o aumento do número de participantes, foi instituído o modelo com três fases, com os brasileiros entrando na segunda.
O Corinthians conseguiria a classificação em 2015, quando bateu o Once Caldas, também da Colômbia. Em 2020, voltaria a ser eliminado na segunda fase da preliminar, dessa vez pelo Guaraní, do Paraguai, em jogo marcado por expulsão precoce do meia Pedrinho.
Na edição deste ano, o clube do Parque São Jorge encontrou dificuldades logo em sua estreia. Favorito contra o Universidad Central, da Venezuela, o Corinthians ficou apenas no empate em Caracas e conseguiu uma vitória suada por 3 a 2 em São Paulo.
Após a derrota por três gols contra o Barcelona, houve cobranças acaloradas entre os jogadores no vestiário e o técnico argentino Ramón Díaz —que guiou a equipe na reta final do Campeonato Brasileiro e garantiu a vaga na pré-Libertadores—, ficou em situação delicada.
“Os torcedores choravam me pedindo por favor para que eu os salvasse [do rebaixamento no Brasileiro]. Classificamos para a Libertadores, estamos na semifinal [do Paulista], estamos trabalhando, crescendo. Mas há momentos em que um time te supera e é preciso encarar essa situação, que acontece no futebol“, desabafou Ramón após a derrota no Equador.
Auxiliar e filho do técnico, Emiliano Díaz procurou colocar panos quentes nas declarações do pai, que causaram irritação em setores das arquibancadas.
“Está tudo esclarecido, falamos com quem tínhamos que falar. Prometeram que quarta será algo extraordinário, e não tenho dúvida que será assim”, disse Emiliano depois da classificação no estadual.
“Estamos confiantes no que vai acontecer na quarta-feira e esperamos que seja uma festa. Esperamos estar à altura, sobretudo no aspecto psicológico, ter a calma para controlar o jogo em certos momentos e poder atacar quando tivermos a chance”, afirmou o auxiliar.
Uma nova queda precoce na Libertadores pode atrapalhar os planos do Corinthians no próprio Paulista, que tem as datas das finais previstas para os dias 16 e 27 de março.
Apenas cinco equipes conseguiram reverter um placar tão desfavorável na Libertadores. A última foi em 2017, quando o River Plate perdeu por 3 a 0 do Jorge Wilstermann, da Bolívia, em Cochabamba, e fez 8 a 0 em Buenos Aires, pelas quartas de final.
Enquanto o Corinthians chega embalado, o Barcelona amargou em seu último compromisso, no sábado (8), uma goleada por 4 a 0 aplicada pelo Independiente del Valle, em Guayaquil.
Botafogo —atual campeão em crise—, Flamengo, Palmeiras, Fortaleza, Internacional e São Paulo são os brasileiros já classificados para a fase de grupos da Libertadores.
Após eliminar o The Strongest, da Bolívia, o Bahia ficou em um empate sem gols na partida de ida com o Boston River, do Uruguai, e decide a vaga na próxima quinta-feira (13), às 21h30, na Arena Fonte Nova, em Salvador.
Participações do Corinthians na Libertadores desde 2011
- 2011 — eliminado na segunda fase da pré-Libertadores pelo Tolima
- 2012 — campeão, batendo o Boca Juniors na decisão
- 2013 — eliminado nas oitavas de final pelo Boca Juniors
- 2015 — eliminado nas oitavas de final pelo Guaraní
- 2016 — eliminado nas oitavas de final pelo Nacional
- 2018 — eliminado nas oitavas de final pelo Colo-Colo
- 2020 — eliminado na segunda fase da pré-Libertadores pelo Guaraní
- 2022 — eliminado nas quartas de final pelo Flamengo
- 2023 — eliminado na fase de grupos