A empresa americana de gestão de ativos Apollo está em negociações com o Atlético de Madrid para adquirir uma participação no terceiro maior clube de futebol da Espanha, em uma iniciativa que marcaria uma rara incursão da gigante de Wall Street no esporte.
As conversas surgiram a partir da busca do Atlético por investidores para um projeto imobiliário de 800 milhões de euros (R$ 5,2 bilhões) próximo ao seu estádio, segundo um dirigente do clube. O dirigente disse que a Apollo levantou a ideia alternativa de adquirir uma participação na Atlético Holdco, a empresa que controla o clube de futebol, durante as discussões sobre o projeto imobiliário.
O maior acionista da Atlético Holdco é seu CEO de longa data, Miguel Ángel Gil Marín, que possui 50,8% das ações. Enrique Cerezo, presidente do Atlético, possui uma participação de 15,2%.
Gil Marín e Cerezo não estão dispostos a vender nenhuma de suas ações, mas estariam abertos a emitir novas ações para permitir que a Apollo adquira uma participação, disse o dirigente.
A pessoa acrescentou que a Apollo não fez uma oferta firme, negociações formais não estão em andamento e não há certeza de que um acordo será alcançado. A Apollo recusou-se a comentar.
Um porta-voz do Atlético disse que “o clube se orgulha de ver a resposta do mercado” aos seus planos imobiliários, mas recusou-se a comentar sobre as negociações relacionadas à potencial venda de participação.
Enquanto investidores americanos têm investido fortemente no futebol nos últimos anos, a Apollo tem se mantido majoritariamente à margem. A gestora de ativos alternativos considerou financiar investidores interessados na aquisição do Manchester United e anteriormente concordou com um investimento de US$ 1,25 bilhão (R$ 7 bilhões) na liga de futebol mexicana, que posteriormente se desfez.
A Apollo tem investido pesadamente na Europa, no entanto, incluindo a compra do grupo de energia OEG e o empréstimo de 4,5 bilhões de libras (R$ 33,7 bilhões) para financiar a usina nuclear de Hinkley Point, no Reino Unido.
O Atlético se classificou para a lucrativa Champions League por 12 anos consecutivos e chegou à final da principal competição de clubes da Europa duas vezes nesse período. Se a Apollo adquirir uma participação minoritária, isso estaria alinhado com uma tendência recente de investidores de futebol que buscam exposição sem controle.
Dados da Uefa (União das Associações Europeias de Futebol) mostraram que o número de aquisições no esporte caiu pela metade no ano passado, à medida que a pressão sobre os direitos de transmissão e a incerteza regulatória reduziram o apetite por negócios.
A holding do Atlético já possui investidores americanos na forma da Ares Management, um grupo de investimento privado que adquiriu uma participação de 34% por 182 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão), em 2021. Um relatório recente da consultoria Football Benchmark atribuiu ao Atlético um valor empresarial estimado de 1,9 bilhão de euros (R$ 12,3 bilhões).
O Atlético está buscando financiamento para um projeto de desenvolvimento chamado Ciudad del Deporte, ou Cidade do Esporte, ao redor de seu estádio Metropolitano. O clube planeja desenvolver instalações para atividades como golfe, escalada e padel.
O objetivo do Atlético é levantar 555 milhões de euros (R$ 3,6 bilhões) de investidores privados, dos 800 milhões de euros necessários para o projeto, oferecendo participações na Parque Metropolitano, a empresa que irá gerenciá-lo.
O clube planeja investir 125 milhões de euros (R$ 810 milhões) de seus próprios fundos e outros 120 milhões de euros (R$ 777,3 milhões) virão de uma entidade que controla a receita comercial dos clubes de futebol da primeira divisão espanhola.
As negociações da Apollo com o Atlético foram noticiadas primeiramente pelo jornal espanhol Expansión.
