Recentemente, a retatrutida –medicamento ainda experimental desenvolvido pelo laboratório Lilly com o objetivo de combater a obesidade e a diabetes tipo 2– passou a fazer parte do protocolo da maioria dos fisiculturistas profissionais.
O remédio em questão, que se trata de um peptídeo que ativa simultaneamente os receptores dos hormônios GLP-1, GIP e glucagon, promete gerar menos efeitos colaterais que seus antecessores, como por exemplo o Mounjaro.
Apesar de parecer uma substância milagrosa, a retatrutida ainda se encontra na fase 3 dos estudos clínicos e não foi liberada em nenhum local do planeta. Até o momento, seus possíveis efeitos colaterais conhecidos são náusea, diarreia, vômito e constipação –manifestados principalmente no início do tratamento ou mediante a um aumento da dose.
A venda e o uso desse medicamento no Brasil não é autorizado.
Em entrevista à coluna, o farmacêutico e bioquímico Alexandre Zambrotta explica que a principal diferença da nova substância para outras drogas desenvolvidas com o mesmo objetivo está em sua ligação ao glucagon, hormônio formado por 29 aminoácidos que atua como contrarregulador da insulina. Ele fornece energia ao organismo ao aumentar a quantidade de glicose –principal combustível celular– presente no sangue do paciente.
“Por isso, ela não acaba com a sua energia e a sua disposição. (…) É como se ela se ligasse ao seu corpo e obtivesse energia mesmo num ambiente de escassez”, destaca o profissional.
Diversos relatos também apontam para a descontinuidade de vícios, como por exemplo o tabagismo e o alcoolismo, após a utilização do medicamento.
Fisiculturista profissional da categoria 212, Fabrício Moreira fez um relato pessoal a respeito do assunto: “Conheci ela há seis semanas do Mr Olympia Brasil 2025 (…); Dependendo da dose e do seu objetivo, ela ajuda muito. O que nós, fisiculturistas, queremos? Perder o máximo de gordura mantendo a maior quantidade de massa muscular possível. Você precisa se alimentar direito, precisa fazer tudo o que deve ser feito. Me ajudou de uma maneira geral”.
“Você praticamente não passa fome. Particularmente, me ajudou muito no foco também”, completa o atleta.
Embora as adversidades do medicamento sejam apontadas como, no máximo, moderadas, Zambrotta ressalta que ” só o longo prazo pode responder” quais são os verdadeiros perigos do remédio.
Grande parte dos peptídeos tem aplicações médicas legítimas, como por exemplo estimular a produção hormonal ou modular processos metabólicos. Entretanto, sua utilização sem orientação profissional pode gerar diversos riscos à saúde do usuário. Entre os possíveis efeitos adversos dessa classe de medicamento, estão reações alérgicas, alterações na sensibilidade à insulina, impacto na função tireoidiana e até desequilíbrios no eixo hormonal.

