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Esporte

Panini e Fanatics travam disputa no mercado de cards – 12/09/2025 – Mercado

O mercado global de cards esportivos, avaliado em quase US$ 50 bilhões, virou palco de u

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O mercado global de cards esportivos, avaliado em quase US$ 50 bilhões, virou palco de uma das disputas corporativas mais duras do esporte.

De um lado, a Fanatics, gigante do vestuário esportivo que vem apostando no licenciamento de produtos. Do outro, a Panini, tradicional fabricante italiana que domina o setor há décadas. A briga envolve acusações de monopólio, roubo de segredos industriais e contratos de exclusividade que podem reconfigurar todo o setor.

O conflito explodiu em 2022, quando dezenas de funcionários da Panini migraram para a Fanatics. A empresa do bilionário Michael Rubin já havia fechado contratos de longa duração com NBA (liga de basquete americana), NFL (futebol americano), MLB (beisebol) e associações de jogadores, deixando a rival sem seus principais direitos.

A Panini acusa a concorrente de práticas anticompetitivas e pede bilhões em indenização. A Fanatics, que nega irregularidades, rebate dizendo que apenas ofereceu acordos melhores e mais lucrativos às ligas.

O império italiano começou a partir dos álbuns de figurinhas da Copa de 1970 e, desde os anos 2000, ampliou presença nos EUA. Chegou a faturar mais de US$ 1 bilhão em 2024 com exclusividades na NBA, NFL, UFC e WWE.

Produtos premium, como a linha Flawless —10 cards embalados em maletas de aço e vendidos por até US$ 5.000 (R$ 27 mil)— se tornaram símbolos de status entre colecionadores do mundo todo, em especial na China e no Oriente Médio.

Durante a pandemia, o colecionismo de cards explodiu em popularidade, impulsionado por transmissões ao vivo em que influenciadores abriam pacotes no YouTube e no Twitch. O fenômeno atraiu uma nova geração de fãs e especuladores, com casos de adolescentes que ganharam centenas de milhares de dólares revendendo cartas raras.

Mas, sem aviso prévio, a Panini perdeu seus contratos com NBA e NFL, agora controlados pela Fanatics por até 20 anos. A empresa americana ainda criou a subsidiária Fanatics Collectibles, comprou a histórica Topps e garantiu participação acionária das próprias ligas e sindicatos de atletas, consolidando poder inédito no setor.

A disputa também passou pelo campo das negociações fracassadas. A Fanatics chegou a oferecer mais de US$ 2 bilhões para assumir contratos da Panini. O acordo quase saiu, mas naufragou, e Rubin decidiu montar operação própria, contratando milhares de funcionários e ampliando o alcance da marca.

Panini acusa a rival de ter reduzido seu acesso a gráficas e insumos, além de ter atraído funcionários que levaram informações sigilosas. A Fanatics nega.

Enquanto isso, Rubin se tornou figura central no mercado de colecionáveis, cercado de atletas e executivos que exaltam a “revolução” trazida pela Fanatics. Ligas como MLB afirmam que suas receitas de royalties multiplicaram com os novos contratos.

A empresa ainda impulsionou o marketing dos cards, investindo em transmissões de “card breaking” (abrir os pacotes) e lançando edições especiais de estreias de jogadores.

Panini, porém, insiste que os acordos de 10 e 20 anos sufocam a concorrência e representam risco para consumidores e lojistas. A empresa já venceu etapas preliminares na Justiça antitruste dos EUA, obrigando a Fanatics a entregar contratos sigilosos. Também há ações coletivas de lojas de hobby que acusam a rival de elevar preços e restringir vendas.

Especialistas veem risco de concentração inédita. “O problema não é apenas a Panini perder espaço, mas o fato de Fanatics ter fechado contratos exclusivos com ligas e sindicatos, praticamente bloqueando qualquer novo concorrente por uma geração”, disse Marc Edelman, professor de direito esportivo da Baruch College.

A batalha judicial, que envolve processos no Texas e cortes federais, deve se arrastar. Panini aposta em um acordo; Rubin, por sua vez, diz querer decisão final em tribunal para “dar exemplo”.

Enquanto isso, os preços continuam subindo: um card da novata Caitlin Clark da Panini já ultrapassou US$ 600 mil, enquanto uma edição de estreia da Fanatics do arremessador Paul Skenes passou de US$ 1 milhão.



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