A seleção brasileira encerrou sua participação nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026 nesta terça-feira (9) com uma derrota por 1 a 0 contra a Bolívia jogando no Municipal de El Alto, cidade boliviana a 4.150 metros acima do nível do mar.
O único gol da partida saiu aos 48 minutos do primeiro tempo, em pênalti convertido pelo atacante Miguelito, que defende o América-MG, em resultado que marcou a primeira derrota de Carlo Ancelotti à frente da seleção brasileira, após duas vitórias e um empate.
A Bolívia ultrapassou a Venezuela, que perdeu por 6 a 3 para a Colômbia, e, com 21 pontos, garantiu o sétimo lugar na tabela de classificação, que dá direito à disputa da repescagem para a Copa, em março de 2026, contra outras cinco seleções da América do Norte (duas representantes), da África, da Ásia e da Oceania.
A última participação boliviana na Copa foi em 1994, nos Estados Unidos.
Foi a quinta partida da equipe boliviana em El Alto nas Eliminatórias. Invicta jogando na cidade, a Bolívia já havia conquistado vitórias contra Colômbia, Chile e Venezuela, e empatou com Paraguai e Uruguai.
Da América do Sul, também já haviam garantido lugar na Copa as seleções do Uruguai, do Equador, da Colômbia e do Paraguai.
Com o formato expandido com 48 seleções, a América do Sul passou a ter seis vagas diretas e mais uma para a repescagem. Na Copa de 2022, foram quatro seleções classificadas diretamente, com a quinta indo à repescagem.
Em 18 partidas na atual edição do classificatório, foram oito vitórias do Brasil, com cinco empates e cinco derrotas. A equipe marcou 16 gols e sofreu oito.
Anunciado em maio, Ancelotti estreou com a equipe em empate sem gols com o Equador, emendando na sequência vitórias por 1 a 0 contra o Paraguai, quando o Brasil garantiu vaga na Copa, e por 3 a 0 contra o Chile na rodada anterior.
A primeira derrota veio com o treinador apostando em um time descansado, com nove modificações na equipe titular em relação aos onze que começaram contra o Chile.
Procurando cadenciar o ritmo do jogo na altitude, a seleção brasileira teve poucas oportunidades no primeiro tempo fazendo sua estreia na cidade boliviana, com o time da casa criando as principais chances com Miguelito, pela ponta direita.
O primeiro chute ao gol boliviano veio apenas aos 39, com Luiz Henrique, novamente destaque do ataque da seleção.
Quando o jogo já se aproximava do intervalo, o árbitro chileno Cristian Garay, após consultar o VAR, marcou falta de Bruno Guimarães em cima do lateral Roberto Fernandéz dentro da área. Miguelito bateu firme no canto direito de Alison e abriu o placar para a Bolívia.
No segundo tempo, a toada do primeiro se manteve, com os jogadores brasileiros mais desgastados e a Bolívia mais presente no campo de ataque e também se valendo da cera para retardar a partida.
Aos 15, Ancelotti promoveu três trocas na frente, com as entradas de Raphinha, Estêvão e João Pedro, para as saídas de Luiz Henrique, Samuel Lino e Richarlison, respectivamente.
O Brasil melhorou com as mudanças e passou a pressionar a Bolívia, cada vez mais recuada em seu campo. Foi a seleção boliviana, contudo, que voltou a levar mais perigo, primeiro com chute do volante Robson Matheus, forçando Alisson a espalmar para fora, aos 25, e novamente aos 40, com Algarañaz acertando cabeçada firme, para nova boa defesa do arqueiro brasileiro do Liverpool.
No último lance, Raphinha cobrou falta na entrada da área no meio do gol, para fácil defesa do goleiro Lampe.
Três técnicos e lesão de Neymar marcam trajetória brasileira nas Eliminatórias
Desde o início das Eliminatórias, em setembro de 2023, a seleção brasileira foi comandada por três técnicos diferentes, ficou sem seu principal jogador e conviveu com críticas da torcida e crise nos bastidores, com troca na presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Conciliando o trabalho com a seleção com o comando do Fluminense, Fernando Diniz era o treinador do time no início da competição, com vitórias nas duas primeiras partidas, contra Bolívia e Peru.
Na sequência, o time não conseguiu sair de um empate com a Venezuela, e perdeu por 2 a 0 para o Uruguai em Montevidéu, em partida marcada pela grave lesão que deixou Neymar afastado dos gramados por cerca de um ano.
Diniz comandaria a seleção em apenas mais duas partidas pelas Eliminatórias, em derrotas para Colômbia e Argentina, com desempenhos ruins da equipe dentro de campo que acabaram resultado em sua demissão semanas depois.
Dorival Júnior assumiu no lugar, ficando à frente da equipe nacional em oito partidas no classificatório, com quatro vitórias, dois empates e duas derrotas. A última derrota, a goleada por 4 a 1 diante da Argentina em Buenos Aires, com completo domínio do time adversário ao longo de toda a partida, resultou na queda do treinador.
Em seu último ato antes de ser afastado da presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) por irregularidades no processo que resultou em sua eleição, Ednaldo Rodrigues conseguiu realizar o antigo desejo de contratar o italiano Carlo Ancelotti, vindo do Real Madrid, faltando pouco mais de um ano para o início da Copa.
Neste início de trabalho, Ancelotti promoveu uma série de testes para conhecer melhor o grupo de jogadores, mas já sinalizou algumas preferências, como os volantes Casemiro e Bruno Guimarães titulares no meio de campo e Alisson no gol.
Os primeiros meses do italiano no Brasil também foram marcados pela não convocação de Neymar. O técnico citou a condição física ainda longe do ideal do jogador, na avaliação da comissão técnica, como critério para deixá-lo de fora da equipe.
Com o fim da participação nas Eliminatórias, o Brasil volta a campo em outubro, em amistosos preparatórios contra Coreia do Sul, em Seul, e Japão, em Tóquio.
Primeira edição com 48 seleções —16 a mais do que no Qatar, em 2022—, a Copa terá 104 partidas, com as equipes divididas em 12 grupos com quatro times cada um. Os dois primeiros de cada chave avançam, com as 32 seleções passando a se enfrentar em partidas de mata-mata.
O sorteio da fase de grupos está programado para 5 de dezembro, em Washington.
A competição começa no dia 11 de junho de 2026, no estádio Azteca, na Cidade do México, com a final no dia 19 de julho, no MetLife Stadium, em Nova Jersey.
O processo de venda dos ingressos começa nesta quarta-feira (10), ao meio-dia (horário de Brasília).
Bolívia x Brasil
Competição: Eliminatórias da Copa do Mundo
Local: estádio Municipal de El Alto, em El Alto
Árbitro: Cristian Garay (CHL)
Gols: Miguelito (Bolívia), aos 48 minutos do primeiro tempo
Brasil: Alisson; Vitinho (Marquinhos), Fabrício Bruno, Alex e Caio Henrique; Andrey Santos (Jean Lucas), Bruno Guimarães e Lucas Paquetá; Luiz Henrique (Raphinha), Samuel Lino (Estêvão) e Richarlison (João Pedro)
Técnico: Carlo Ancelotti
Bolívia: Lampe; Diego Medina (Yomar Rocha), Haquín, Morales e Roberto Fernández; Villamíl, Ervin Vaca (Héctor Cuéllar), Robson Matheus; Miguelito, Enzo Monteiro (Algarañaz) e Moisés Paniagua
Técnico: Óscar Villegas