Neymar, 33, viveu neste domingo (17), no estádio de Morumbi, a pior derrota de sua carreira, na diferença de gols para um adversário: 6 a 0. Antes, o máximo tinha sido 4 a 0.
Em tarde inspirada de Philippe Coutinho, 33, o Vasco, como um rolo compressor, marcando cinco gols no segundo tempo no intervalo de 16 minutos, passou por cima do Santos, em resultado tão marcante como inesperado, já que o time cruz-maltino estava na zona do rebaixamento do Campeonato Brasileiro.
O Santos, que parecia iniciar uma reação no campeonato, tendo ganhado os dois jogos anteriores, fez uma das piores partidas de sua história de 113 anos.
Gabriel Brazão; Mayke, Luis Felipe, Lucas Peres e Souza (Gonzalo Escobar); Gabriel Bontempo (Tomás Rincón) e Zé Rafael (Rollheiser); Barreal (Caballero), Neymar e Guilherme; Tiquinho Soares (Luca Meirelles). Técnico: Cleber Xavier (demitido ao término do massacre).
Vale deixar registrada a escalação do Peixe, afogado em terra firme na Pauliceia, que tinha, ironicamente, um Bontempo em dia de tempo péssimo para os mais de 50 mil torcedores santistas no estádio do São Paulo.
O Santos subiu a serra em uma estratégia, já utilizada na vitória por 3 a 1 contra o Juventude, para reforçar o vínculo com os seus torcedores que moram na capital paulista.
A imagem da torcida de costas para o campo, não mais querendo que seus olhos vissem o inacreditável, levam a crer que o plano malogrou.
Não vi se houve choro de torcedores, mas vi olhos chorosos, os de Neymar, símbolo de um Santos outrora vitorioso, campeão da Libertadores de 2011, símbolo de um Santos claudicante, que insiste em flertar com a malvista Série B, com quem esteve casado em 2024, divorciando-se no fim do ano.
“O choro é de raiva”, declarou Neymar, o capitão santista, em entrevista relâmpago a jornalistas. Disse também que seu sentimento era de vergonha e que todos no time deveriam “botar a cabeça no travesseiro”, para refletir sobre “fazer esse tipo de jogo com a camisa do Santos”.
Vale para o próprio, até porque pegar no sono à noite, cabeça estando no travesseiro, não seria tarefa fácil para nenhum jogador depois do pesadelo vespertino.
Um consolo para Neymar, ele não está sozinho no rol de craques brasileiros que amargaram goleada pelo mesmo placar. Sempre antes da era dos pontos corridos do Brasileiro, iniciada em 2003.
No Campeonato Brasileiro de 2002, no mesmo Morumbi, o São Paulo de Rogério Ceni, Kaká e Luis Fabiano enfiou 6 a 0 no Fluminense do já veterano Romário, 36. Um dos companheiros do Baixinho naquela partida era o meia Fernando Diniz, atual treinador do Vasco.
Na edição de 1999, Ronaldinho Gaúcho, então com 19 anos e surgindo para o futebol, sucumbiu por 6 a 0 pelo Grêmio, no Palestra Itália, diante do Palmeiras de Marcos, Alex e Evair, treinado por Felipão.
Pelo que pesquisei, outros brasileiros melhores do mundo, como Ronaldo Fenômeno, Rivaldo, Kaká (já aposentados) e Vinicius Junior (em atividade), jamais levaram de meia dúzia a zero. Nem Pelé. Nem Garrincha.
Entre os melhores deste século, Cristiano Ronaldo também nunca perdeu por margem assim dilatada, porém Messi teve um dia até pior que o de Neymar.
Em meio à pandemia, em 2020, em jogo em Lisboa pelas quartas de final da Champions League, o Bayern de Munique ganhou do Barcelona por 8 a 2, sem gol do argentino.
Uma grande semelhança com Santos 0 x 6 Vasco? O hoje capitão vascaíno Phillipe Coutinho, então reserva no time alemão, marcou duas vezes –naquele jogo no estádio da Luz, entrou faltando 15 minutos.
Uma grande diferença? Bayern 8 x 2 Barcelona ocorreu com portões fechados, devido ao risco de contração de Covid em aglomerações.
Não haverá torcedor que poderá contar que viu, presencialmente, o constrangimento de Messi. Quase 55 mil relatarão o de Neymar.
