Reconhecimento facial combate cambismo em estádios – 17/07/2025 – Esporte


Com o objetivo de aumentar a segurança, facilitar o acesso dos torcedores e combater a prática do cambismo, os clubes de futebol vêm adotando de maneira gradual nos últimos anos o sistema de reconhecimento facial para o acesso aos estádios em dias de jogo.

O modelo já era adotado de maneira voluntária em algumas praças do futebol brasileiro, mas passou desde o mês passado a ser uma obrigação imposta pela Lei Geral do Esporte.

A lei, em seu artigo 148, estabelece que, desde o último dia 14 de junho, os estádios com capacidade acima de 20 mil lugares devem “contar com meio de monitoramento por imagem das catracas e com identificação biométrica dos espectadores, assim como deverá haver central técnica de informações, com infraestrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público presente e o cadastramento biométrico dos espectadores”.

Para estádios com cerca de 40 mil lugares, o custo para a implantação do reconhecimento facial gira em torno de R$ 3 milhões, segundo estimativas de profissionais do setor.

Entre os quatro grandes do estado, Palmeiras e Santos foram os primeiros a implantar a biometria facial no Allianz Parque e na Vila Belmiro, em 2023 e 2024, respectivamente. O São Paulo iniciou a operação no Morumbi apenas no fim de maio deste ano, na derrota para o Mirassol, pela décima rodada do Campeonato Brasileiro.

Em meio à acirrada disputa política no clube que levou ao afastamento do presidente Augusto Melo, o Corinthians foi o último do grupo a adotar o reconhecimento facial, no último domingo (13), na derrota para o Red Bull Bragantino na Neo Química Arena.

No início de junho, o clube anunciou a rescisão do contrato com a Bepass, contratada em abril para implantar o reconhecimento facial, ainda na gestão de Augusto Melo. E informou que o projeto de reconhecimento facial ficaria sob a responsabilidade da empresa Ligatech, com a integração à plataforma do Fiel Torcedor e ao sistema de vendas de ingressos da Onefan.

Apesar da troca em cima da hora, o Corinthians considerou um sucesso a estreia do sistema, “com uma taxa de problemas inferior a 0,5%”. “Foi um projeto muito desafiador, que demoraria cerca de três meses e foi executado em três semanas”, disse o diretor de tecnologia da agremiação, Marcelo Munhoes.

O público, porém, ficou bem abaixo da média alvinegra, que era de 43.471 espectadores por partida até a pausa no calendário para a disputa da Copa do Mundo de Clubes. O jogo contra o Bragantino, presume-se que por causa da dificuldade para repassar ingressos nominais, teve 33.847 pagantes, a pior marca do ano.

Já o Palmeiras lida com esse tipo de tecnologia há mais tempo. O clube verde passou a adotar o reconhecimento facial em 100% dos acessos no Allianz Parque em maio de 2023.

“O clube detectou que cambistas se cadastravam no programa Avanti, adquiriam ingressos com a prioridade e os benefícios concedidos aos sócios-torcedores e, posteriormente, os revendiam por valores acima dos praticados”, disse o Palmeiras em nota à Folha.

Segundo o alviverde, além de coibir a prática do cambismo, garantindo aos membros do programa Avanti o direito de adquirir ingressos com as vantagens previstas, o sistema tem ajudado as autoridades de segurança pública. Há uma parceria do clube com o governo de São Paulo, por meio do programa Muralha Paulista, para identificar e prender pessoas procuradas pela polícia e encontrar indivíduos desaparecidos.

“O sistema, com o apoio das câmeras de monitoramento do Allianz Parque, ajudou as autoridades policiais a identificar, por exemplo, o torcedor do Flamengo condenado recentemente a 14 anos de prisão pela morte da palmeirense Gabriella Anelli em 2023″, disse o alviverde.

O gerente administrativo do Santos, Luiz Fernando Vella, afirmou que o clube da Baixada Santista optou pela implantação antecipada do sistema de reconhecimento facial na Vila Belmiro, em julho de 2024, devido à dificuldade da operação e aos benefícios proporcionados.

“A complexidade envolvia desde as fases de comunicação ao torcedor, com cadastramento prévio, à implantação em etapas para evitar caos no acesso ao estádio. Assim, o sistema começou a ser implantado por setor e com públicos distintos, a partir dos sócios até as torcidas organizadas”, disse Vella.

Paralelamente, foram avaliados benefícios como a eliminação do ingresso físico e o combate à ação de cambistas e tentativas de fraudes aos programas de sócios.

“A implantação do sistema também teve como foco a ampliação da segurança e da fluidez no acesso, que são os objetivos principais da legislação.”

Vella assinalou ainda que a presença da torcida visitante, que não tem cadastro de reconhecimento facial, é uma questão crucial a ser endereçada. A cada jogo, esses torcedores são obrigados a efetuar todo o processo para acesso ao estádio, enfrentando dificuldades por falta de familiaridade com o sistema e gerando dados que acabam sendo descartados.

O gerente do Santos destacou a importância de uma integração dos sistemas de todos os clubes. “Esse procedimento facilitaria a compra prévia de ingresso e ainda geraria dados importantes para o clube adversário.”



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