Ditadura da beleza e o racismo velado na moda
A Necessidade de Desconstruir Padrões Eurocêntricos e Valorizar a Diversidade
Os padrões estéticos têm sido uma presença constante na sociedade brasileira e mundial, remontando à pré-história, quando traços simétricos eram considerados sinônimos de beleza e atração. Ao longo do tempo, esses conceitos evoluíram significativamente, refletindo mudanças nas crenças e valores culturais.
O Papel da Mulher na Indústria da Moda
Historicamente, as mulheres têm sido vistas como produtos, com suas estruturas corporais comparadas a suas capacidades. Isso resultou em uma competição desenfreada no mundo da moda, perpetuando uma visão etnocêntrica e preconceituosa que exige que as mulheres sejam magras e perfeitas para serem aceitas socialmente. Esse padrão estético europeu, que exalta características caucasianas como pele clara e cabelos lisos, marginaliza pessoas de pele e cabelos escuros, frequentemente retratando-as como menos belas e representativas.
Racismo Velado e Desvalorização da Estética Negra
Embora o preconceito e o racismo sejam oficialmente condenados hoje, práticas racistas veladas, como a desvalorização da estética negra, continuam a permear a sociedade. A hierarquização racial da beleza humana é ainda prevalente em muitos lares, onde estereótipos raciais são transmitidos através das gerações. É essencial uma reflexão crítica para desconstruir esses conceitos enraizados, tanto em casa quanto na escola. A verdadeira mudança requer ações práticas para desmantelar esses valores distorcidos.
A Imposição de Padrões de Beleza e suas Consequências
A valorização do padrão de beleza europeu no Brasil é uma marca do racismo velado que ainda persiste. Características físicas que não se alinham com o modelo europeu são muitas vezes consideradas inferiores. Isso resulta em uma depreciação dos traços de uma cultura em favor de outra, desqualificando a natureza humana diversa.
A desvalorização racial é evidente quando qualquer fenótipo negro é tratado quase como um defeito. Termos pejorativos como “cabelo ruim” são comuns no vocabulário brasileiro, desqualificando a estética negra. A ausência de alteridade faz com que pessoas negras sejam vistas como inadequadas ou incapazes simplesmente por serem esteticamente diferentes. A representação limitada de bonecas como a Barbie, que perpetuam uma imagem de perfeição baseada em traços eurocêntricos, reforça essa visão desde a infância.
A Importância da Representatividade e da Inclusão
Essa imposição de padrões distorcidos pode levar a uma sensação de inadequação desde cedo, fazendo com que crianças cresçam inseguras e sem se sentir pertencentes. A indústria cultural contribui para isso ao promover produtos clareadores e alisadores de cabelo, incentivando a modificação da estética natural em busca de aceitação. Esse não é apenas um cuidado com a beleza, mas uma forma sutil de perpetuar preconceitos e estereótipos.
A falta de representatividade de mulheres negras em posições de destaque é outra questão importante. A vitória de Raissa Soares no Miss Brasil 2016, apenas a segunda mulher negra a ganhar o título, é um passo significativo, mas ainda há muito a ser feito. É urgente desconstruir os padrões estéticos eurocêntricos e combater o racismo velado, promovendo uma moda que celebre todas as formas de beleza.
Promovendo uma Sociedade Mais Justa e Igualitária
Para alcançar uma sociedade mais justa e igualitária, é necessário mudar profundamente a mentalidade coletiva, além de implementar esforços contínuos para incluir e valorizar a diversidade. Apenas assim todas as formas de beleza poderão ser celebradas e respeitadas igualmente.