Copa do Mundo: Trump planeja trumpada nas sedes democratas – 16/10/2025 – O Mundo É uma Bola
Trumpar (verbo intransitivo): atuar de forma inadequada, intransigente, inconsequente e irresponsável, em comportamento narcisista e seguindo determinada ideologia, estritamente para obter ganhos políticos, sem demonstrar sensibilidade ou respeito com parcela significativa dos indivíduos e da sociedade. Geralmente usado no particípio (ex.: Deu uma trumpada para agradar aos seguidores).
O verbo trumpar não existe, acabo de inventá-lo, assim como criar para ele uma definição, que pode ser aprimorada.
Por que fiz isso? Para inserir na língua um verbete que busque definir o modo de agir do presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, até aqui o personagem do ano, a quem considero um populista tresloucado trumpando em várias frentes para ser o protagonista de todo dia, seja com tarifaço comercial, ataques aos democratas e à Venezuela, atuações discutíveis no trato às guerras (no Oriente Médio e na Ucrânia), seja em qualquer assunto.
Um deles é a Copa do Mundo de 2026, que será nos EUA (com 78 dos 104 jogos), no México (13 jogos) e no Canadá (13 jogos).
Em relação à organização, está tudo compactuado entre a Fifa, a dona do maior evento futebolístico do planeta, e as cidades-sedes –11 das 16 são nos EUA–, porém Trump deu, de uns tempos para cá, de ameaçar vetar as partidas em algumas delas: San Francisco, Los Angeles, Seattle e, nesta semana, Boston.
Mesmo sem comprovação consistente, alega que essas localidades possuem falhas de segurança, no combate à criminalidade e à desordem, que comprometeriam a capacidade de receber o Mundial. Coincidentemente, todas são administradas por democratas, de oposição aos ideais trumpistas.
“Ela não é boa”, afirmou Trump sobre Michelle Wu, a prefeita de Boston, a quem vê como uma “radical de esquerda”. “Podemos tirar de lá [as partidas da Copa]”, concluiu durante o encontro que teve com o presidente da Argentina, Javier Milei, um de seus aliados.
O republicano, aliás, conta com o dirigente máximo da Fifa, Gianni Infantino, chamado por ele de “fenomenal”, para ser atendido caso decida mesmo ceifar da Copa do Mundo cidades que considera “inimigas”. Na teoria, Trump não tem poder para tomar uma decisão dessas, mas, como considera que pode tudo, age como se tivesse.
E na prática? Aí é que está. Infantino seria suficientemente submisso ao mais poderoso chefe de Estado do planeta? Trump tem certeza de que sim. “Se alguém está fazendo um trabalho ruim, ligo para Gianni e falo ‘mude para outra cidade’. Mesmo sem gostar, ele faria, facilmente.”
O suíço Infantino não se manifestou a respeito das intenções de Trump, com quem mantém relações muito próximas. Quem falou foi Victor Montagliani, vice da Fifa e presidente da Concacaf, a entidade que controla o futebol nas Américas do Norte e Central e no Caribe.
A Copa do Mundo, afirmou o canadense, “é um torneio da Fifa, está sob jurisdição da Fifa, é a Fifa que toma essas decisões”.
Isso é sabido. Mas, quando se trata do atual presidente dos EUA, a jurisdição de alguém não tem validade. Sua vontade se impõe pela força política e econômica, pela retórica absolutista, pela ameaça velada ou desvelada.
Trump pretende dar uma trumpada na Copa. A Fifa será condescendente?
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