Consumismo não é compra consciente
Com a facilidade do acesso a aplicativos e lojas on-line, o ato de consumir tem se tornado cada vez mais constante. Incentivado pela pandemia de covid-19, o comércio digital passou a ser uma forma de compra comum entre os brasileiros. Isso vem contribuindo na formação de uma sociedade consumista. De acordo com o planejador financeiro, Reinaldo Palmeira, o consumismo caracteriza-se pela ação de compra exagerada motivada por impulso ou desejo de comprar. “Comportamento que direciona uma pessoa a adquirir bens e serviços de forma excessiva, se tornando desnecessária”, afirma.
Conforme o profissional, uma das principais causas que possibilita identificar o consumo em excesso é a motivação pela aquisição de um bem ou serviço. “Isso é possível pela observação do comportamento e dos padrões de compra de uma pessoa. Se essas compras deixam de ser racionais, o consumismo está instalado”, enfatiza.
E não é um fato isolado. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), aponta que 78,8 % das famílias brasileiras estão endividadas. Ainda segundo a CNC, este é o maior nível da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. Já um levantamento realizado pela IPSOS, revela que 61% dos brasileiros não conseguem guardar dinheiro. Os dados também mostram que um dos principais motivos desse índice é a falta de planejamento, que resulta em gastos supérfluos e acúmulo de dívidas.
Para a neuropsicóloga e especialista em neurociência e análise do comportamento, Sara Viana, existem diversos fatores que contribuem para o consumo excessivo. “Influência da mídia e da publicidade, a busca por status social, a pressão dos pares, e a facilidade de crédito. Além disso, o estresse e a ansiedade também podem levar as pessoas a comprar como uma forma de compensação emocional”, explica a médica.
Um comportamento destrutivo que não apenas traz danos financeiros, mas que pode gerar inúmeras consequências pessoais, ambientais e, até mesmo, psicológicas. A neuropsicóloga alerta que o consumismo pode levar ao comportamento de consumo compulsivo (oniomania). Segundo ela, esse transtorno, muitas vezes, é uma resposta a problemas emocionais, como ansiedade, depressão ou baixa autoestima. “Pessoas podem usar as compras como uma forma de obter alívio temporário de sentimentos negativos ou para se sentirem melhor consigo mesmas”, pontua Sara.
A especialista ainda chama a atenção para alguns sinais de oniomania. “Compras frequentes e impulsivas, sensação de culpa ou arrependimento após as compras, dívidas crescentes e problemas financeiros, e a tentativa de esconder as compras dos outros”, relata.
Diante desse cenário, medidas como educação e planejamento financeiro, compra consciente e mudança de mentalidade devem ser adotadas. “Ajuda a reduzir o consumismo e promover um estilo de vida financeiramente saudável, mais equilibrado e sustentável”, ressalta o planejador financeiro. Conforme a neuropsicóloga, em alguns casos também necessita de tratamento médico como terapia cognitivo comportamental (TCC), Análise do Comportamento e o uso de medicamentos.