Eles já eram a torcida mais sonora e, na noite deste sábado (30), com o título da Copa Libertadores em mãos, os botafoguenses se reuniram em pontos turísticos de Buenos Aires para comemorar.
A celebração oficial foi organizada pela Conmebol em um terreno a cerca de 5 km do Monumental de Nuñez, a casa do River Plate que acolheu a partida, mas muitos torcedores buscaram os cartões-postais da capital argentina, como Porto Madero, para comemorar.
Bares e restaurantes no turístico bairro de Palermo ficaram repletos de camisetas branco e pretas. O local de comemoração da torcida mudou várias vezes. O Monumental é afastado dos pontos principais da capital argentina, e os botafoguenses só conseguiram deixar o estádio por volta das 20h, depois de o Galo esvaziar as arquibancadas.
O Obelisco, tradicional ponto de celebração dos argentinos, foi vetado pela polícia. O local já foi palco de acidentes envolvendo torcedores que terminaram em morte. Outra região de parque no bairro de Palermo foi descartada devido à dificuldade de acesso por ônibus.
Restou Porto Madeiro, a região de prédios comerciais e restaurantes colado ao rio da Prata que encanta turistas brasileiros e tradicionalmente lota nas noites de sábado.
Estabelecimentos de comércio e trabalhadores autônomos argentinos aproveitaram a movimentação —os taxistas e motoristas de aplicativo, por exemplo, passaram o dia transportando torcedores alvinegros. Nos restaurantes, o desafio era achar um que não tivesse clientes com camisas listradas branco e preto.
A glória inédita não foi trivial, desde o esforço de torcedores para chegar ao país vizinho para um duelo entre duas equipes brasileiras que fazia alguns argentinos torcerem o nariz.
Um dos que expressaram a frustração foi o porta-voz presidencial Javier Lanari: “Nada mais deprimente que assistir na TV à final da Libertadores entre dois times do Brasil e, ainda mais, na Argentina; completinho o combo”, escreveu em seu perfil pessoal no X.
Não apenas o peso financeiro da viagem foi um desafio para muitos, como também a disponibilidade de voos diretos. Torcedores dos dois times brincavam que tinha sido necessário fazer muita baldeação para chegar, em referência às várias conexões aéreas.
“Irmão, eu cheguei a olhar voo fretado, um teco-teco, tamanho o desespero”, dizia um torcedor do Galo na madrugada deste sábado no saguão do aeroporto de Florianópolis, enquanto esperava, com a torcida rival, o trecho final de sua viagem a Buenos Aires.
“Teve um [torcedor] que foi para o Peru! Depois Chile, para então chegar a Buenos Aires.”
A caminho do Monumental de Nuñez (a pé, já que o trânsito e os bloqueios impediam a passagem de carros em dez quarteirões), mais de 30 ônibus que levaram a torcida brasileira se enfileiravam pela avenida Presidente Figueroa Alcorta. Boa parte dos que vieram por terra já partiriam na madrugada deste domingo (1º) para o Brasil.
O trânsito era intenso para uma tarde de sábado, e a maioria dos torcedores foi caminhando pelos parques portenhos. Os alvinegros mudaram a dinâmica da capital.
Na saída do estádio, torcedores do Galo caminharam pacificamente buscando uma rota de saída para chegar a hotéis, cafés e restaurantes.
No estádio, o espanto eram os preços. Garrafa de 600 ml de água ou refrigerante por 6.000 pesos (R$ 35 no câmbio oficial ou R$ 32 no “blue”, o mais usado). Hambúrguer? 12.000 pesos.
É a alta dos preços na Argentina, consequência de um choque econômico que tem rendido louros a Javier Milei, mas que não deixa de desanimar nem a torcida mais vibrante.