A torcida para o corpo de Messi aguentar até a Copa 2026 – 13/09/2025 – O Mundo É uma Bola
Estou, e estarei pelos próximos oito meses, em uma torcida particular: pelo corpo de Lionel Messi.
Fisicamente instável, o astro argentino tem deixado em dúvida sua participação na Copa do Mundo de 2026, que será em junho e julho na América do Norte (EUA, principalmente, México e Canadá).
No íntimo, Messi, que jogando muito capitaneou a Argentina ao tricampeonato mundial em dezembro de 2022, na Copa do Qatar, até tem vontade de disputar a competição, só que prefere esperar chegar mais perto dela para uma definição.
Tecnicamente, o camisa 10 continua soberbo, e não perderá essa capacidade. Taticamente, ele se ajusta ao esquema do treinador seu xará, Lionel Scaloni –ou melhor, o esquema se ajusta a Messi. Mentalmente, pela trajetória construída, é uma fortaleza.
Tudo gira em torno da parte física. Com 38 anos, o oito vezes eleito melhor do mundo, craque maior até agora neste século (desculpe, Cristiano Ronaldo, mas você fica atrás), tem batalhado com contusões, mesmo que não muito sérias, de um tempo para cá.
No ano passado, no primeiro semestre, problema muscular na coxa direita o afastou do futebol por três semanas.
Pouco tempo depois, em julho, na final da Copa América, vencida pela Argentina contra a Colômbia em Miami, deixou o campo no segundo tempo. Constatou-se lesão ligamentar no tornozelo, e o período de afastamento foi de dois meses, deixando de atuar em dez confrontos.
Neste ano, a constatação, depois de partida em março pelo Inter Miami (seu atual clube), foi de problema no músculo adutor da coxa direita. Mais dez dias fora, perdendo duelos pelas Eliminatórias da Copa contra Uruguai e Brasil.
No começo do mês passado, recuperação de nova lesão muscular na mesma coxa, sofrida em jogo do Inter Miami, durou duas semanas.
Evidentemente, o corpo de Messi, e percebe-se que o maior temor é a coxa direita, não tem a mesma resistência de outrora.
O atacante pode se considerar um privilegiado na carreira, pois não encarou contusões sérias depois da única que pode ser assim elencada: uma fratura do quinto metatarso do pé esquerdo em novembro de 2006, no início da carreira no Barcelona. Três meses sem jogar.
“Busco me sentir bem e, acima de tudo, ser honesto comigo mesmo”, disse Messi depois de Argentina 3 x 0 Venezuela, na quinta-feira retrasada, em Buenos Aires. “Quando me sinto bem, aproveito muito, mas quando não, sinceramente, não me divirto, então prefiro não estar presente. Veremos. Ainda não tomei uma decisão sobre a Copa do Mundo.”
Estamos quase lá [na Copa do Mundo de 2026], então estou animado e motivado para jogar. Como sempre digo, vou dia após dia, me guiando pelo que sinto
Repito que estarei na torcida. Podem perguntar: a Argentina é arquirrival do Brasil, então não é bom para a seleção brasileira que Messi, a estrela da companhia adversária, fique fora, para não sermos vítimas dele?
Depende do ponto de vista. Mais que pela seleção, eu sou pelo futebol. Bonito, bem jogado, de lances memoráveis. Messi oferece tudo isso.
Diante da Venezuela, marcou dois gols. No mesmo dia, contra o Chile no Maracanã, o Brasil fez três. Todos com a bola quase dentro do gol, bastando o toque final para ela entrar. O de Estêvão, em uma puxeta, até teve plasticidade, mas qualquer um que joga futebol regularmente faz.
Agora, os gols de Messi. O segundo, um “tapa” com o pé na bola na grande área, à la tacada de sinuca, colocando-a no canto, bem longe do alcance do goleiro, pego de surpresa com a rápida e precisa finalização.
O primeiro, esse merece ser visto, revisto, visto de novo. Recebeu passe na marca do pênalti e, tendo à sua frente três venezuelanos mais o goleiro, que avançava mergulhando, deu uma cavadinha e encobriu os quatro: gol. Magistral.
Messi faz parecer fácil, trivial, moleza, o que para a maioria é difícil, penoso, impossível até.
Feliz é a bola com Messi, feliz é quem tem olhos para ver a arte de Messi. Sem Messi, perde a bola, perde o fã do futebol arte.
Sem Messi, perderá a Copa do Mundo.